quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A armadilha da "Mulher Maravilha"...

Fiquei tentada a escrever um post em 04 de fevereiro agora, contando tudo o que tinha acontecido, o que era um montão de coisas diversificadas, incluindo acordar no interior e anoitecer na praia...

Contudo, como contei no último post, por vezes os textos não saem por falta de terminar de elaborar internamente os conteúdos. Afinal, o que escrevo aqui é sobre MIM, e não uma narrativa programada como se não fosse a vida que vivo.

E a vontade era de escrever isso aqui:
Hoje,
acordei no interior e dormi no litoral.
Portanto, fiz uma viagem, com direito à parada para levar o filho no otorrionolaringologista e naquela cidade lanchar com a família no tipo de estabelecimento que me agrada: simples, indicado pela qualidade, onde trabalha uma família que elabora seus produtos e os vende honestamente.
Pela manhã tomei banho, terminei a mala, cuidei dos lanches e brinquedos a levar, organizei a casa, pedi a tesoura da vizinha cabeleireira emprestada para cortar meu próprio cabelo. Eu cortei o meu cabelo - e DOEI - para a fabricação de perucas para crianças com câncer. Pesquisei o endereço de envio, escrevi no envelope, fiz uma cartinha com meu filho, enchemos de boas energias e levamos aos Correios. 
Precisei terminar uns produtos que vendo, fui (fomos) procurar para comprar fita dupla face, não encontrando na primeira papelaria. Em casa, embalei, empacotei, imprimi a etiqueta e, por fim, colei. Entreguei. 
Troquei mensagens com a Amiga que estava indo da maternidade para casa com seu pititico nos braços. Preparei algum almoço rápido, comemos, limpamos aquela louça  e saímos de casa às 14h.
E isso com meu filhote de 3 anos a tiracolo.
No caminho para a praia me sentia bem por ter conseguido realizar tantas coisas, uma vez que as considerava necessárias ao dia. Me senti a Mulher Maravilha...
Chegando lá ainda conseguimos dar uma pequena volta pelo centro local, jantar e se inteirar de como funcionavam as coisas, onde era a praia para sairmos da cama cedo no outro dia.
Na praia com tratores
Fonte pessoal: blogdabia.com

Poucos dias depois, quando nada parece sair do lugar, e aquela louça do almoço que você lavou e guardou insiste em reaparecer na pia a todo momento (rsrs), a gente se sente o quê??
Porque, convenhamos, tem dia que a gente (no caso, eu... rs) se sente.... hum... como posso dizer aqui? É que a melhor forma de expressar começa com "cocô", e isso não é lá muito fino dizer  =P  Mas você já se sentiu "o cocô do cavalo do bandido"? Olha que esses dias costumam ser bem compridos, viu?!

Aí, ouvindo umas coisas que eu gosto de ouvir para aprender a me conhecer melhor, uma frase foi PÁ! Lá no fundo... "VOCÊ NÃO PRECISA SER MARAVILHOSA, VOCÊ É HUMANA!"
Eu só preciso me aceitar humana! E não querer ser a Mulher Maravilha, como se ela existisse e fosse real. É lógico que no dia em que o coração se enche de alegria de poder doar parte de si a alguém, como foi o caso do corte de cabelo com essa finalidade, parece até que o tamanho do peito aumenta para caber o coração lá dentro! Mas isso porque eu sou HUMANA, e minha humanidade se sente bem em fazer trocas com outros humanos, sejam eles conhecidos ou desconhecidos. Afinal, isso não importa, do lado de fora de mim há muitos humanos, exatamente como eu.
Então, é a Humanidade que me faz vibrar fortemente, e não a fantasia de super heroísmo.

Outra frase que ouvi há pouco e que ajuda a organizar esse raciocínio é que "a criança precisa de imaginação e não fantasia". Para que não haja interpretações distoantes, vou colocar aqui um exemplo: a criança precisa ter a liberdade de criar, e não "receber" as fantasias elaboradas por adultos cheias de distorções/moralidades/comportamentalismo que cumprem a função desejada pelo adulto, como por exemplo a história do Papai Noel... Cada vez que penso nisso, chega a me dar gastura no estômago! Sério! Cria-se uma história (e cada um cria a sua, de acordo com suas 'necessidades'), inventa-se uma mentira combinada e conta à criança como se fosse verdade, e a tirania aumenta quando cobram da criança um determinado tipo de comportamento para que no final ela seja 'presenteada' com um objeto saindo de uma fábrica por aí, quem sabe pela China afora... 
Essa história da "fantasia" de fora para dentro é tão prejudicial à imaginação! A criança passa a fazer suas histórias a partir dos modelos: ela brinca de ser a "princesa" - a partir do estereótipo de princesa, que é cruel, em termos estéticos, que em geral é disneylandeado. 
Tente você mesmo: já viu a fruta physalis? Se conhece essa, tem que tentar com outra, que você nunca viu: já viu jambo? ou araticum? ou pitomba? Pense numa dessas que nunca viu, e tente desenhá-la. Arrá! Você não sabe como é, né? Não tem modelo! Então vai criar, inventar... sentir a liberdade de ser o criador da ideia! 
Mas vou te contar uma coisa: o physalis é uma fruta pequena, alaranjada, casca lisinha que chega a ter um óleo que a envolve. Pff... viu como era "fácil" desenhar? Por que eu não disse antes, né? Continue aí o desenho (ou a representação mental dele): o physalis vem dentro de uma espécie de envólucro, uma capinha, que parece um balãozinho de festa junina, meio enrugadinho, do cabo para a pontinha. Para comê-lo, comece abrindo essa pontinha. Tira essa casquinha natural e pode comer o fruto inteiro.
Complicou? Agora que você sabe que tem um 'padrão' (nesse caso, a descrição do physalis), sente-se incomodado da possibilidade de não tê-lo alcançado? Percebe como você depende de mim para confirmar ou destruir suas ideias? Você ficou sem autonomia, né?

Eu não gosto de me sentir assim, e você? Será que as crianças gostam? Por que os "heróis", justamente o comportamento não-humano é vangloriado? Não te parece que temos isso internamente enraizado e levamos conosco à vida adulta como um ideal? 

Ao 'baixar' minhas expectativas para querer sentir-me simplesmente humana, me dá um alívio danado...
Afinal, a duras penas, cheguei à uma conclusão que posso dizer foi o resumo de lições de 2013 para mim:
TUDO O QUE EU QUERO SER, É PORQUE EU AINDA NÃO SOU!

Se digo que quero ser organizada, na verdade é porque não sou.
Se quero ser mais arrumada, é porque não sou.
Se quero ser mais isso, menos aquilo, é porque ainda não o sou...
Tão simples depois de sintetizado, tão complexo quando vemos que o que a gente quer, parece fugir da gente.

E o que eu quero ser, não estou sendo. O que estou sendo agora? Cadê o espelho? Por que nunca gostei dele? Como posso passar por um e não perceber que minha imagem também passou por ali?

O mundo não precisa de muito, apenas um pouco mais de Humanidade.

Quanto mais Humanidade, necessariamente haverá menos: guerras, fome, exploração, depressão.
O humano é capaz de se colocar no lugar do outro. O herói não pode, ele tem objetivos a alcançar. 

Tenho tido muitos, muitos, muitos pensamentos de coisas diversificadas que parecem querer buscar um encontro, uma finalidade, uma junção. Tô em busca da cola para unir tantos conhecimentos que venho adquirindo e que fazem total sentido para mim. Sabe quando cai um montão de água na pia depois de um tempo ela se 'organiza' em movimento circular e desce pelo ralo de forma coerente? Pois é, tô esperando o momento dessa organização chegar... rsrs
Mesmo com tantas coisas na cabeça, hoje achei que precisava buscar por algo novo. E como você busca algo novo, que não sabe o que é? rsrs Difícil... Mas hoje acabei encontrando EFT. Tô começando a conhecer. 

Interessante que eu não gosto de rótulos para 'definir' pessoas, mas as pessoas buscam por coisas em suas vidas - e todas as coisas têm nomes. Então, não é que eu SEJA isso, mas tenho ações coerentes com isso... e hoje busco uma vida mais simples, minimalista, vegana, de visão holística, natural, agroecológica, atenta, ativa, autônoma, autêntica, compartilhada e humanamente feliz!


Um comentário:

  1. Bia,

    suas palavras e reflexões são sutis e profundas!
    Daquelas que sempre nos tiram do lugar!

    Temos escolhas diárias e nenhum rótulo é capaz de limitar a pluralidade de ações e pensamentos que podemos ter! =)

    "Foge, foge, mulher maravilha"... pq ser humana é muito mais singular, especial... ;)

    E a-do-rei a frase:
    "TUDO O QUE EU QUERO SER, É PORQUE EU AINDA NÃO SOU!"

    Orgulho de vc!

    Beijão!

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